Tristeza é um sentimento (um tom afetivo) de pesar, pessimismo, ruina, solidão, menos-valia e desesperança.
Esse sentimento está no nosso repertório comum de reações diante de fatos da vida desagradáveis com os quais temos de nos deparar como catástrofes, perdas desde perdas ligadas a nossa preservação como de bens para a manutenção de conforto por exemplo quando sofremos desemprego ou perda da dignidade quando somos humilhados ou expostos de algum modo ou perdas mais ameaçadoras em termos gerais como a perda da saúde por uma doença grave.
Quando estamos tristes vivenciamos em nosso eu um sentimento desagradável, mas temos ainda recursos internos para refletir e pensar em como agir mediante os eventos desfavoráveis que geralmente optamos por não pensar, o que nos pode levar a novas e diferentes visões / ações na vida.
A tristeza traz a oportunidade de olhar com mais profundidade e de lá sair emergir mais maduros, com mais flexibilidade nos pensar, sentir, agir.
Recomendo o livro perdas necessárias (Judith Viorst) que trata de forma bela sobre tristeza e amadurecimento.
A tristeza está intimamente ligada à uma oportunidade de lidar com as vicissitudes, contradições, imperfeições do viver humano. Também com a vulnerabilidade, a impermanência, o egoísmo e fragilidade dos valores humanos sendo, portanto, a tristeza reação usual e por isso não é obviamente doença e sim oportunidade de revisão.
Frequentemente pessoas dizem: “estou deprimido”, quando o correto seria dizer “Estou triste”.
Estar triste é estar numa condição de pesar em reação a algo para o qual não elaboramos um sentido. Um sentido aceitável para nós, um sentido para além daquela condição que entendemos desagradável.
Já quando falamos em depressão o termo ganha um sentido diferente de tristeza isolada. Na depressão a tristeza é persistente e acompanhada de outras características igualmente persistentes que vão alterando, minando os recursos de reagir. Muitas vezes existiram fatos que deflagraram a depressão e por vezes não.
A pessoa deprimida além de tristeza vai ficando progressivamente isolada, sem energia, desatenta e com prejuízos da memória, com o sono muito prejudicado e com ideias que vão de ruina, solidão, desolação cada vez mais profundos chegando a ideia de autoextermínio. A depressão é muito bem expressa naquela canção de Adriana Calcanhoto em que encontramos a tristeza acompanhada de um sensação de ruina profunda, de prejuízo da capacidade de pensar, de se organizar, de tomar decisões e toda a mudança que esse adoecimento produz na pessoa : “ eu perco o chão, eu não acho as palavras…eu ando tão triste, eu ando pela sala, eu perco a hora, eu chego no fim….eu deixo a porta aberta….eu não moro mais em mim…eu perco as chaves de casa, eu perco a freio…estou em milhares de cacos, eu estou ao meio.”